sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Descobertas e enganos...

Incrível como pessoas magníficas (em termos de literatura) acabam tendo quedas magníficas... e de forma magistral as registra. Arnaldo Jabor pra mim é um dos maiores cronistas que o país possui atualmente. Por quê? Bem, humor escrachado, onde, apesar dos diversos interesses políticos, torna-o um escritor único e em extinção em nosso país hoje.

Decerto que é normal perguntar: E daí? Ele não pode errar? Bem, não creio que a infalibilidade seja uma prerrogativa dos grandes. Mas, o que torna interessante vislumbrar aqui é o primor com que se explana sobre esse engano e a forma do trato para com esse erro. E Arnaldo Jabor mostrou que sabe quando deve rever pensamentos... à la Nietzsche, claro, mas é engraçado observar isso. Veja:

"Escrevo enquanto vejo a morte do papa na TV. E me espanto com a imensa emoção mundial. Espanto-me também comigo mesmo: "Como eu estou sozinho!" - pensei.

Percebi que tinha de saber mais sobre mim, eu, sozinho, sem fé nenhuma, no meio deste oceano de pessoas rezando no Ocidente e Oriente. Meu pai, engenheiro e militar, me passou dois ensinamentos: ele era ateu e torcia pelo América Futebol Clube. Claro que segui seus passos. Fui América até os 12 anos, quando "virei casaca" para o Flamengo (mas até hoje tenho saudade da camisa vermelha, garibaldina, do time de João Cabral e Lamartine Babo), e parei de acreditar em Deus.

Sei que "de mortuis nihil nisi bonum" ("não se fala mal de morto"), mas devo confessar que nunca gostei desse papa. Por quê? Não sei. É que sempre achei, nos meus traumas juvenis, que papa era uma coisa meio inútil, pois só dava opiniões genéricas sobre a insânia do mundo, condenando a "maldade" e pedindo uma "paz" impossível, no meio da sujeira política.

Quando João Paulo entrou, eu era jovem e implicava com tudo. Eu achava vigarice aquele negócio de fingir que ele falava todas as línguas. Que papo era esse do papa? Lendo frases escritas em partituras fonéticas... Quando ele começou a beijar o chão dos países visitados, impliquei mais ainda. Que demagogia! - reinando na corte do Vaticano e bancando o humilde...

Um dia, o papa foi alvejado no meio da Praça de São Pedro, por aquele maluco islâmico, prenúncio dos tempos atuais. Eu tenho a teoria de que aquele tiro, aquela bala terrorista despertou-o para a realidade do mundo. E o papa sentiu no corpo a desgraça política do tempo. Acho que a bala mudou o papa. Mas, fiquei irritadíssimo quando ele, depois de curado, foi à prisão "perdoar" o cara que quis matá-lo. Não gostei de sua "infinita bondade" com um canalha boçal. Achei falso seu perdão que, na verdade, humilhava o terrorista babaca, como uma vingança doce.

E fui por aí, observando esse papa sem muita atenção. É tão fácil desprezar alguém, ideologicamente... Quando vi que ele era "reacionário" em questões como camisinha, pílula e contra os arroubos da Igreja da Libertação, aí não pensei mais nele... Tive apenas uma admiração passageira por sua adesão ao Solidariedade do Walesa, mas, como bom "materialista", desvalorizei o movimento polonês como "idealista", com um Walesa meio "pelego". E o tempo passou.

Depois da euforia inicial dos anos 90, vi que aquela esperança de entendimento político no mundo, capitaneado pelo Gorbachev, fracassaria. Entendi isso quando vi o papai Bush falando no Kremlin, humilhando o Gorba, considerando-se "vitorioso", prenunciando as nuvens negras de hoje com seu filhinho no poder. Senti que o sonho de entendimento socialismo-capitalismo ia ser apenas o triunfo triste dos neoconservadores. O mundo foi piorando e o papa viajando, beijando pés, cantando com Roberto Carlos no Rio. Uma vez, ele declarou: "A Igreja Católica não é uma democracia." Fiquei horrorizado naquela época liberalizante e não liguei mais para o papa "de direita".

Depois, o papa ficou doente, há dez anos. E eu olhava cruelmente seus tremores, sua corcova crescente e, sem compaixão nenhuma, pensava que o pontífice não queria "largar o osso" e ria, como um anti-Cristo.

Até que, nos últimos dias, João Paulo II chegou à janela do Vaticano, tentou falar... e num esgar dolorido, trágico, foi fotografado em close, com a boca aberta, desesperado.

Essa foto é um marco, um símbolo forte, quase como as torres caindo em NY. Parece um prenúncio do Juízo Final, um rosto do Apocalipse, a cara de nossa época. É aterrorizante ver o desespero do homem de Deus, do Infalível, do embaixador de Cristo. Naquele momento, Deus virou homem. E, subitamente, entendi alguma coisa maior que sempre me escapara: aquele rosto retorcido era o choro de uma criança, um rosto infantil em prantos! O papa tinha voltado ao seu nascimento e sua vida se fechava. Ali estava o menino pobre, ex-ator, ex-operário, ali estavam as vítimas da guerra, os atacados pelo terror, ali estava sua imensa solidão igual à nossa. Então, ele morreu. E ontem, vendo os milhões chorando pelo mundo, vendo a praça cheia, entendi de repente sua obra, sua imensa importância. Vendo a cobertura da Globo, montando sua vida inteira, seus milhões de quilômetros viajados, da África às favelas do Nordeste, entendi o papa. Emocionado, senti minha intensíssima solidão de ateu. Eu estava fora daquelas multidões imensas, eu não tinha nem a velha ideologia esfacelada, nem uma religião para crer, eu era um filho abandonado do racionalismo francês, eu era um órfão de pai e mãe. Aí, quem tremeu fui eu, com olhos cheios d'água. E vi que Karol Wojtyla, tachado superficialmente de "conservador", tinha sido muito mais que isso. Ele tinha batido em dois cravos: satisfez a reacionaríssima Cúria Romana implacável e cortesã e, além disso, botou o pé no mundo, fazendo o que italiano nenhum faria: rezar missa para negões na África e no Nordeste, levando seu corpo vivo como símbolo de uma espiritualidade perdida. O conjunto de sua obra foi muito além de ser contra ou a favor da camisinha. Papa não é para ficar discutindo questões episódicas. É muito mais que isso. Visitou o Chile de Pinochet e o Iraque de Saddam e, ao contrário de ser uma "adesão alienada", foi uma crítica muito mais alta, mostrando-se acima de sórdidas políticas seculares, levando consigo o Espírito, a idéia de Transcendência acima do mercantilismo e de ditaduras. E foi tão "moderno" que usou a "mídia" sim, muito bem, como Madonna ou Pelé.

E nisso, criticou a Cúria por tabela, pois nenhum cardeal sairia do conforto dos palácios para beijar pé de mendigo na América Latina. João Paulo cumpriu seu destino de filósofo acima do mundo, que tanto precisa de grandeza e solidariedade.

Sou ateu, sozinho, condenado a não ter fé, mas vi que se há alguma coisa de que precisamos hoje é de uma nova ética, de um pensamento transcendental, de uma espiritualidade perdida. João Paulo na verdade deu um show de bola."


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Halloween

A palavra Halloween tem origem na Igreja católica. Vem de uma corrupção contraída do dia 1 de novembro, "Todo o Dia de Buracos" (ou "Todo o Dia de Santos"), é um dia católico de observância em honra de santos. Mas, no século V DC, na Irlanda Céltica, o verão oficialmente se concluía em 31 de outubro. O feriado era Samhain, o Ano novo céltico.
Alguns bruxos acreditam que a origem do nome vem da palavra hallowinas - nome dado às guardiãs femininas do saber oculto das terras do norte (Escandinávia).

O Halloween marca o fim oficial do verão e o início do ano-novo. Celebra também o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Era uma festa com vários nomes: Samhain (fim de verão), Samhein, La Samon, ou ainda, Festa do Sol. Mas o que ficou mesmo foi o escocês Hallowe'en.

Uma das lendas de origem celta fala que os espíritos de todos que morreram ao longo daquele ano voltariam à procura de corpos vivos para possuir e usar pelo próximo ano. Os celtas acreditavam ser a única chance de vida após a morte. Os celtas acreditaram em todas as leis de espaço e tempo, o que permitia que o mundo dos espíritos se misturassem com o dos vivos.

Como os vivos não queriam ser possuídos, na noite do dia 31 de outubro, apagavam as tochas e fogueiras de suas casa, para que elas se tornassem frias e desagradáveis, colocavam fantasias e ruidosamente desfilavam em torno do bairro, sendo tão destrutivos quanto possível, a fim de assustar os que procuravam corpos para possuir, (Panati).

Os Romanos adotaram as práticas célticas, mas no primeiro século depois de Cristo, eles as abandonaram.

O Halloween foi levado para os Estados Unidos em 1840, por imigrantes irlandeses que fugiam da fome pela qual seu país passava e passa ser conhecido como o Dia das Bruxas.

terça-feira, 31 de março de 2009

A leitura dos jornais nos torna estúpidos?

             Bom texto, guardarei-o para não me esquecer dele. Delicio-me com esse tipo de leitura, repleta de argúcia. 

            Enfim, dias complicados, diminuídos... é, a vida me pegou de cheio.

            Espere-me e eu voltarei... juro que voltarei..

____________________________________________________________________________

(Folha de S.Paulo, 2/9/01)

(Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq050920019992.htm)

texto: Rubem Alves

"O nome não me era estranho. Eu já o vira de relance em algum jornal ou revista. Mas não me interessei. Aquele nome, para mim, não passava de um bolso vazio. Eu não tinha a menor idéia do que havia dentro dele. Sou seletivo em minhas leituras. Leio gastronomicamente. Diante de jornais e revistas eu me comporto da mesma forma como diante de uma mesa de bufê: provo, rejeito muito, escolho poucas coisas. Concordo com Zaratustra: ‘Mastigar e digerir tudo, essa é uma maneira suína.’

Aquele bolso devia estar cheio de coisas dignas de serem comidas, caso contrário não teria sido oferecido como banquete nas páginas amarelas de ‘Veja’. Mas eu não comi. Aí um amigo me enviou por e-mail cópia de uma crônica do Arnaldo Jabor, a propósito do dito nome. Crônica que li e de que gostei: sou amante de pimentas e jilós.

Senti-me parecido com o Mr. Gardner, do filme ‘Muito Além do Jardim’, com Peter Sellers. Mr. Gardner jamais lia jornais e revistas. Fui então até minha secretária e lhe perguntei, envergonhado, temeroso de que ela tivesse visto o dito filme e me identificasse com o Mr. Gardner. ‘Natália, quem é Adriane Galisteu?’ Esse era o nome do bolso vazio. Ela deu uma risadinha e me explicou.

À medida em que ela explicava, as coisas que eu havia lido começavam a fazer sentido e eu me lembrei de uma história que minha mãe contava: uma princesinha linda que, quando falava, de sua boca saltavam rãs, sapos, minhocas, cobras e lagartos... Terminada a explicação, fiquei feliz por não ter lido. Lembrei-me de Schopenhauer: ‘No que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Essa arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público. Para ler o bom, uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos... Muitos eruditos leram até ficar estúpidos.’ Existirá possibilidade de que a leitura dos jornais nos torne estúpidos?

O que está em jogo não é a dita senhora, que pode pensar o que lhe for possível pensar. O que está em jogo é o papel da imprensa. Qual a filosofia que a move ao selecionar comida como essa para ser servida ao povo?

A resposta é a tradicional: ‘A missão da imprensa é informar.’ Pensa-se que, ao informar, a imprensa educa. Falso. Há milhares de coisas acontecendo e seria impossível informar tudo. É preciso escolher. As escolhas que a imprensa faz revelam o que ela pensa do gosto gastronômico dos seus leitores. Jornais são refeições, bufês de notícias selecionadas segundo um gosto preciso. Se o filósofo alemão Ludwig Feuerbach estava certo ao afirmar que ‘somos o que comemos’, será forçoso concluir que, ao servir refeições de notícias ao povo, os jornais realizam uma magia perversa com seus leitores: depois de comer eles serão iguais àquilo que leram.

Faz tempo que parei de ler jornais. Leio, sim, movido pelo espírito apressado da leitura dinâmica; apressadamente, deslizando meus olhos pelas manchetes para saber não o que está acontecendo, mas para ficar a par do menu de conversas estabelecido pelos jornais. Muita coisa importante e deliciosa acontece sem virar notícia, por não combinar com o gosto gastronômico dos leitores. Se não fizer isso, ficarei excluído das rodas de conversa, por falta de informações. Parei de ler os jornais não por não gostar de ler, mas precisamente porque gosto de ler.

As notícias dos jornais são incompatíveis com meus hábitos gastronômicos: leio bovinamente, vagarosamente, como quem pasta... ruminando. O prazer da leitura, para mim, está não naquilo que leio, mas naquilo que faço com aquilo que leio. Ler, só ler, é parar de pensar. É pensar os pensamentos de outros. E quem fica o tempo todo pensando o pensamento de outros acaba desaprendendo a pensar seus próprios pensamentos: outra lição de Schopenhauer.

Pensar não é ter as informações. Pensar é o que se faz com as informações. É dançar com o pensamento, apoiando os pés no texto lido: é isso que me dá prazer. Suspeito que a leitura meticulosa e detalhada das informações tenha, frequentemente, a função psicológica de tornar desnecessário o pensamento. Quem não sabe dançar corre sempre o perigo de escorregar e cair... Assim, ao se entupir de notícias como o comilão grosseiro que se entope de comida, o leitor se livra do trabalho de pensar.

A maioria das notícias dos jornais, eu não sei o que fazer com elas por não entendê-las. Penso: se eu não entendo a notícia que leio, o que acontecerá com o ‘povão’? Outras notícias só fazem explicitar o que já se sabe. Detalhes, cada vez mais minuciosos, das tramóias políticas e econômicas de um Maluf, de um Jader, nada acrescentam ao já sabido. Esse gosto pelo detalhe escabroso deriva da pornografia, que extrai os seus prazeres da contemplação dos detalhes sórdidos, que são sempre os mesmos.

A dita reportagem sobre a tal senhora e as notícias sobre Jader e Maluf atendem às mesmas preferências gastronômicas. Será que as notícias são selecionadas para dar prazer aos gostos suínos da alma? E os suplementos culturais? Deveriam se chamar suplementos para os eruditos. É preciso ter doutorado para os entender. Não é comida para pessoas comuns. Pessoas do povão nem mesmo os abrem.

Ao final de sua crônica, o Arnaldo Jabor dá um grito: ‘Os órgãos de imprensa devem ter um papel transformador na sociedade...’ De acordo. Dizendo do meu jeito: os órgãos de imprensa têm de contribuir para a educação do povo. Mas educar não é informar. Educar é ensinar a pensar. Os jornais ensinam a pensar? Repito a pergunta: Será que a leitura dos jornais nos torna estúpidos?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Crise do paradigma dominante...

"Ser ou não ser, eis a questão..." ¬¬    kkkkkkkkkkk!!!

Não. Eu não vim aqui para falar baboseiras acadêmicas (eu sei... essas disciplinas do meu curso são ridículas...). Mas a ideia original vem exatamente desta frase: A Crise do paradigma dominante. Com certeza perceberam que escrevi "Crise" e não simplesmente "crise". Nas próximas linhas explicarei o porquê.

Apesar de ter prometido não falar de baboseiras, terei que dar uma noção do que seja a famosa crise do paradigma dominante. Em linhas práticas e simples, o conhecimento é algo intrínseco ao ser humano - isso é fato. Contudo, ter a capacidade de conhecer não significa conhecer propriamente dito, é necessário que haja relativa movimentação intelectual - ou seja: precisamos tentar pensar. \o/

Com isso, a humanidade desenvolveu diversas formas de adquirir conhecimento. Mitos, religiões, senso comum, filosofia, ciências, enfim, houve uma escala "evolutiva" onde o conhecimento científico hoje é o ápice da cadeia. Até aí beleza... vamos complicar um pouco mais.

Atualmente, o conhecimento científico aprimorou-se de tal forma que acabou-se descobrindo que diversas descobertas foram baseadas em fatores de certa forma sem supedâneo necessário para comprovação científica. O que isso quer dizer? Bem, um exemplo disso é Einstein , por exemplo, ele demonstrou no campo da física que algumas leis que utilizávamos como base o  tempo e espaço absoluto (de Newton) caíram por terra. Hoje, a Física moderna considera que não há nada simultâneo, visto que o tempo é relativo. Enfim, o aprofundamento do conhecimento permitiu-nos ver o quão frágil é o pilar que a ciência se funda.

E qual o problema maior? As outras formas (o senso comum, a filosofia, religião) também entraram em colapso. Por quê? Não tenho a menor ideia. Sei somente que hoje nossos valores morais (senso comum) não possuem mais a perspectiva de lograr. A filosofia de certa forma não mais o que indagar, visto que ela está sendo indagada. A religião hoje se tornou algo mais dogmático do que no século XV, com a diferença que o fator econômico não influenciava tanto quanto hoje.

E eu digo: Crise do paradigma dominante? Creio que não. Chamaria de Crise somente (com cê maiúsculo mesmo). Uma crise que aflige a economia, a sociedade, a comunidade intelectual, enfim, inúmeras áreas da civilização está em crise. Mas vem uma pergunta: isso é ruim?

Creio que não. Ora, veja bem. O mundo foi criado em meio ao caos, suas bases foram fixadas no caos, nosso senso comum não é e nunca será esquematizado (visto que somente a ciência tem essa organização), nossos valores mudam a cada dia, ou mesmo a cada episódio do Big Brother ("¬¬), enfim, vemos que a dinamicidade do intelecto humano é tão vasta e nossos desejos, de certa forma, são tão efêmeros que não há outra consequência que não seja uma crise.

Mas vamos ver pelo lado bom. Uma crise sempre faz com que consigamos evoluir. O fato de termos consciência de que somos racionais proporciona esse ônus para a gente. Basta conciliarmos nossas vicissitudes com nossas qualidades, nossos problemas com nossas soluções, sempre lembrando que não estamos sós. Como disse um "louco" certa vez, todo homem e toda mulher é uma estrela. Se somos mesmo, que tal nos juntarmos e criarmos uma bela constelação? Acho que o início de uma possível solução seria exatamente imaginar que sempre podemos contar um com os outros...

Ai ai... relaxei... kkkkkkkk!!!!

Uma leitura me deixou tenso... mas qgora estou mais relaxado...

Hoje estou um pouco felliz, creio que volto mais em breve que o esperado.

Até lá!!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Regras de etiqueta

Bem, estou de volta...

Isso é realmente um milagre. Estou voltando a este blog mais vezes. Não sei se isso é bom ou ruim, o que importa é que estou mais tranquilo para escrever. Não que eu não tinha calma para tal escrita, mas que agora possuo mais serenidade... e isso é gostoso... ver as palavras saindo naturalmente, fluindo por meus dedos.  Não vendo nenhum senso de censura (rimou! kkk!). Falando em censura, tive uma experiência um tanto quanto diferente. Vou falar sobre ela:

Como todo bom pobre trabalhador, vou de ônibus para casa ou para a Faculdade após o dia de trabalho. Um belo dia desses, vejo uma cena um tanto pitoresca: uma senhora, aparentando sofridos 45 anos, comendo uma marmita usando a tampa desta como colher. A forma voraz com a qual ela engolia, demonstrava a necessidade de comer aquela refeição. Contudo, é impressionante como o povo (igual à ela) sentem ojeriza à situação. Aquele mesmo povo que se sente impressionado com a violência, que fica transtornado ao ver um e-mail (spam) contendo imagens da África, com crianças em situações deploráveis, em total miséria.

Esse mesmo povo esquece que também temos pobreza e miséria em nosso estado, em nossos bairros, em nossa rua, enfim, isso não é uma coisa pavorosa. Mas também não é algo a ser ojerizado como foi no caso da pobre senhora. Ora, é lindo não? Sou solidário em doar para aos desabrigados em Santa Catarina mas não sou solidário em deixar uma pobre senhora comer em paz, ainda que fosse (e era) em um local inapropriado.

Pergunto-me: Fome tem regras de etiqueta? Creio que qualquer um com fome seria capaz das maiores atrocidades no que concerne as regras de boa conduta. Em casos extremos não seria nada estranho ouvirmos que alguém matou ou morreu por um pedaço de pão. Afinal, mesmo sendo seres dotados de consciência, somos também animais, com instintos e emoções afloradas quando se trata de nossas necessidades primárias.

Vendo o povo comentar e reclamar daquela pobre senhora me fez lembrar que os brasileiros somos muitos solidários, mas também somos preconeituosos, não ao extremismo islâmico ou a ponto de reviver a Ku-Klux-Kan, mas um preconceito contra aquilo que não é esteticamente belo. Não nos culpe, afinal, somos um povo com supedâneo nas grandes cortes da Europa. Nascemos como país após mais de 80 anos de Reinado (vinda da família Real portuguesa + dois imperadores do Brasil), com isso, fomos "criados" para admirar, invejar e ansiar pelo "glamour" exalado pelos nobres lusos e brasileiros.

Com isso, mesmo o mais paupérrimo brasílico, mesmo aquela senhora que ali estava fazendo sua refeição de forma voraz, se sente ofendido ao vislumbrar qualquer regra de bons costumes quebrada. É ridículo, mas é a verdade. 

Bem, acho que expus muito meu ponto de vista. De qualquer forma, sei que algumas pessoas podem dizer que estou apoiando para a "dessacralização" da família, do ato da refeição, enfim, inúmeras coisas. O que posso dizer é: apenas estou apoiando alguém que tem foma a comer.

Ai ai... meio sem inspiração... mas tinha que vir aqui... tinha que registrar isso... a memória do ser humano é muito fraca por ser hipócrita. Quero registrar para que, num futuro próximo, lembre que esses são os meus valores, que essas são minhas convicções. E isso não quero mudar.

Creio que em breve virei de novo...


Se eu ainda me mantiver nesse mundo, voltarei... Até lá...